GABRIELA DE ANGELIS
( Brasil – DISTRITO FEDERAL )
Gabriela de ANGELIS . Abrigo. Poesias. Apresentação por Dad Abi Chahine Squarisi. Brasília: Centro Gráfico do Senado Federal, 1986. 28 p. Ex. doação do livreiro BRITO, Brasília.
Livro publicado em 1986, quando a autora tinha apenas 15 anos de idade. O apresentador —Dad Abi Chanini Squarisi – nos informa que ela escreve “despreocupada com os recursos métricos e rítmicos, se rebuscamentros de linguagem, quase alheia a truques retóricos, forma seu discurso na força da realidade circundante.
O jogo
Dizem que o que se ouve
não é o que se fala.
O que se fala não é o se pensa.
E nesse quebra-cabeça maluco que a gente se ama.
Tomando cuidado com as peças,
usando das regras a mais perfeita,
É nesse quebra-cabeça maluco que a gente se engana,
jogando as peças de um jogo de guerra.
E de repente o jogo é estático
e a gente se olha,
querendo o mais prático.
Reinício de jogo é melhor.
Terminar o jogo será pior.
O certo é que a gente se ama,
A platéia assiste estática
olhando pra gente como se fôssemos máquinas.
Dizem que o que se ouve
não é o que se fala.
E o que se fala não é o que se pensa.
Então pra que jogar?
Não quero perder.
Vou me entregar,
mas só se for pra você...
Sincronismo
Nada que nada pela terra
passa sem nada dizer.
Ser e crer: ter.
Tudo de nu no mundo é cru
como a farinha.
Voa, andorinha,
pinta com essa tinta minha.
—Nada passa a dizer o cru da farinha minha —
Pó!
Olha só.
Da dó o pó tão-só da dor.
Sincronismo, continuísmo.
Socialismo!
Só para rimar como “ismo”.
Fim MESMO do sincronismo...
Eu e o mundo
Lá fora está chovendo
é lá fora que eu brilho.
Lá fora esta chovendo,
minhas lágrimas são incertas.
Lá fora sopra o vento,
e lá fora que eu canto.
O mundo lá fora e eu aqui dentro.
O infinito e eu,
eu e o infinito.
E nesse espaço de tempo há via lá fora
e eu morro aqui dentro.
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Página publicada em maio de 2023
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